30 de agosto de 2012

Diário de uma peregrina #6

Caldas de Reis - Teo

Caldas de Reis às 6 da manhã

Pelo segundo dia consecutivo combinamos sair com os rapazes (da Póvoa e o Alemão), mas eles não sei como demoravam mais tempo do que nós as meninas a arranjarem-se e arrumar a mochila. Por isso decidimos ir andando à frente e depois eles que nos apanhassem, sempre era melhor do que ficar ao frio à espera deles.
Lá começamos a andar e depressa deixamos Caldas de Reis para trás e começamos a andar por caminhos pouco iluminados e o medo do escuro às 6 da manhã começou a crescer (a nossa lanterna continuava sem dar) então encostamos à beira do caminho e ficamos à espera dos moços. Não posso afirmar com certezas, mas tenho para mim que eles se assustaram quando reparam que havia pessoal sentado quase no escuro. :)

Al peregrino que hace el caminho.
Le trabajan las piernas y le descansa el sentido.

A primeira paragem do dia foi no café que tinha umas torradas com mel muito boas e na parede duas compostelanas (as certidões que se dão aos peregrinos que comprova que fizeram o caminho) e mais algumas frases como a da foto. Da próxima vez é paragem obrigatória!


Os símbolos do Caminho: vieira, seta amarela e a cabaça.

Às 11 da manhã tínhamos 19kms feitos e chegamos a Pádron e paramos num banco de jardim junto ao rio Sar para almoçarmos a pizza de presunto que tínhamos feito no dia anterior no albergue de Caldas de Reis. (p.s. da próxima vez será só pizza de queijo, está bem?)

Aproveitamos para descansar um pouco e conhecer alguma coisa da cidade de Pádron enquanto o albergue de Pádron não abria, porque queríamos carimbar a credencial no albergue e tínhamos que descansar porque ainda faltavam 13 kms para o albergue de Teo.

Igreja de Pádron

Albergue de Pádron

Enquanto esperávamos que o albergue de Pádron abrisse o grupo de escuteiros e os 4 amigos portugueses que andavam muito com os escuteiros apareceram. Rimo-nos tanto com uma escuteira! A coisa só deixou de ter piada quando eles fizeram uma reunião e decidiram ir para Teo. Ora nós que também queríamos ir para Teo e depois da vez em Mós que íamos ficando sem camas porque eles ocuparam o albergue quase todo, tivemos que dar pernas ao caminho e fazer os 13kms até Teo como se não houvesse amanhã. Pelo meio ainda apanhamos chuva e eu que já não sabia da minha protecção para a mochila tive que embrulhar o saco-cama na toalha para que não se molha-se. É que chovia mesmo a pontes e ainda para mais enganamos-nos no caminho e andamos uns 500 metros até percebermos que tínhamos que voltar para trás. 

Albergue de Teo

Depois de 30kms e muita chuva lá chegamos ao albergue de Teo. Neste dia cheguei mesmo estafada! Porque fazer 30kms com uma mochila que pesa uns 3 ou 4 kilos, depois de se ter 110kms em cima não é coisa fácil não... Passadas umas duas horas aparecem-nos os nossos escuteiros, mas como seria de esperar porque Teo é o último albergue antes de Santiago, estava cheio e os escuteiros não tiveram lugar, mas não se preocupem porque arranjaram-lhes um pavilhão e puderam lá dormir. 
Este pessoal parece que não sabe que grupos grandes são aconselhados a não dormir nos albergues. Enfim.

Neste dia vimos pela primeira vez duas moças que chamamos carinhosamente de Francesas, embora não fossem, que espantem-se, levavam cremes e creminhos, acessórios e roupinhas nas mochilas. What? Eu levei o indispensável e ainda assim andava à rasca das costas! 

Pela primeira vez no caminho em Teo tive que tomar um Ben-u-ron para as dores. Estava de tal maneira que um senhor espanhol passou por mim e perguntou se estava tudo bem.

Janta: grão de bico com atum.
O segundo jantar saudável do Caminho.

Compramos também um chocolate que dividimos com um dos moços da Póvoa e pela primeira vez no Caminho escrevemos nos livros que normalmente se encontram em todos os albergues.

Bon Camiño

2 comentários:

  1. Este também foi um dia e tanto... Caldas de Reis às 6h da manhã tinha o seu encanto a parte à saída da cidade é que já era demasiado deserto lol A 1a paragem naquele café das torradas de mel soube-me pela vida e a senhora ainda nos deu rebuçados e tudo para o caminho :) e para a próxima escolhemos outra piza, que de presento não foi a melhor escolha.
    Aqueles 13km de Pádron ate Teo foi o que mais custou... já iamos mesmo em modo automático. Depois comer uma refeição quente e um chocolate, soube-me pela vida :)
    p.s. para a próxima a ver se nos lembramos de escrever nos livros dos albergues mais cedo lol

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    1. Já não me lembrava que a senhora do café nos tinha oferecido rebuçados para o caminho!
      A parte do presunto é por causa da minha aversão à carne (não sei como é que depois me hei-de safar)...
      É verdade.. Temos que escrever em mais livros!

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