31 de agosto de 2012

Diário de uma peregrina #7

Teo - Santiago de Compostela

Percebemos que os moços que saiam connosco de manhã demoravam mais do que nós a arranjarem-se. Enquanto que eles acordavam às 5 da matina a nós bastava-nos acordar as 5:30. Mas para mim essa meia hora a mais não adiantou grande coisa. Um dos moços contou-me que em Tui uma pessoa que estava na parte de cima dos beliches caí-o e partiu o nariz. Eu que ficava na maior parte das vezes na cama de cima do beliche, em Teo passei mal porque como não tinha gradeamento (o albergue de Ponte de Lima já colocou o gradeamento nos beliches - uma boa ideia) passei a noite toda a acordar e com medo de cair.

Os 13kms que separam Teo de Santiago de Compostela custou-me muito   passa-los devido à ansiedade de chegar a Santiago. Estava sempre à espera que a próxima estrada fosse já em Santiago de Compostela.

O dia acordou cinzento como já vinha sendo hábito e adivinhava-se a chuva, mas foi quando começamos a ver os pináculos da Catedral que começou a chover, mas a felicidade era tão grande que as dores e o desconforto da chuva passaram ao lado. O ano passado já tinha estado em Santiago de Compostela, por isso não foi a minha primeira vez na cidade e na Catedral, mas foi como se tivesse sido a primeira vez, como se nunca ali tinha estado porque desta vez tinha chegado não como turista, mas como peregrina e tinha em mim toda a alegria e dor do Caminho.
Catedral de Santiago às 9 da manhã de 31 de Agosto de 2011

Em frente da catedral há um edifício com umas arcadas e estavam lá todas as pessoas que acabavam de chegar ali e lá fomos nós para debaixo das arcadas e acabamos de comer o nosso chocolate que tínhamos comprado em Teo.

Precisávamos antes da missa do peregrino ao meio-dia arranjar um local para dormir. Fomos pedir algumas indicações a um segurança que estava por lá e o senhor foi de propósito ao porta bagagens do carro tirar um mapa para nos dar. São estas as pequenas grandes coisas que me fazem pensar que se todos nos ajudássemos como se ajuda a um peregrino, este mundo seria muito melhor!

Como queríamos ficar no centro histórico e todos os albergues eram um pouco longe da Catedral escolhemos ficar num quarto de hotel a 200 metros da Catedral.

O nosso quarto onde almoçamos e jantamos nesse dia e onde vimos uns quantos episódios de Doraemon :)

Ao meio-dia fomos até à Catedral de Santiago de Compostela para podermos assistir à missa do peregrino e foi a missa mais bonita à qual já assisti. 

Depois da missa fomos comprar algumas coisas numa mercearia para almoçarmos no quarto do hotel e fomos buscar a nossa compostelana.

A tarde passamos entre o quarto de hotel (não parava de chover) algumas ruas entre a Catedral e o hotel e na esplanada do hotel que tinha também um café à conversa com os moços da Póvoa do Varzim, o Alemão e um Austríaco.

Plaza do Obradoiro vista de uma janela da Catedral

 A nossa janta, sempre coisas muito "saudáveis" 

Queimada, bebida típica da Galiza

 Catedral de Santiago de Compostela à meia-noite e onde o Alemão prometeu que a partir daqui nunca mais voltaria a fumar

30 de agosto de 2012

Diário de uma peregrina #6

Caldas de Reis - Teo

Caldas de Reis às 6 da manhã

Pelo segundo dia consecutivo combinamos sair com os rapazes (da Póvoa e o Alemão), mas eles não sei como demoravam mais tempo do que nós as meninas a arranjarem-se e arrumar a mochila. Por isso decidimos ir andando à frente e depois eles que nos apanhassem, sempre era melhor do que ficar ao frio à espera deles.
Lá começamos a andar e depressa deixamos Caldas de Reis para trás e começamos a andar por caminhos pouco iluminados e o medo do escuro às 6 da manhã começou a crescer (a nossa lanterna continuava sem dar) então encostamos à beira do caminho e ficamos à espera dos moços. Não posso afirmar com certezas, mas tenho para mim que eles se assustaram quando reparam que havia pessoal sentado quase no escuro. :)

Al peregrino que hace el caminho.
Le trabajan las piernas y le descansa el sentido.

A primeira paragem do dia foi no café que tinha umas torradas com mel muito boas e na parede duas compostelanas (as certidões que se dão aos peregrinos que comprova que fizeram o caminho) e mais algumas frases como a da foto. Da próxima vez é paragem obrigatória!


Os símbolos do Caminho: vieira, seta amarela e a cabaça.

Às 11 da manhã tínhamos 19kms feitos e chegamos a Pádron e paramos num banco de jardim junto ao rio Sar para almoçarmos a pizza de presunto que tínhamos feito no dia anterior no albergue de Caldas de Reis. (p.s. da próxima vez será só pizza de queijo, está bem?)

Aproveitamos para descansar um pouco e conhecer alguma coisa da cidade de Pádron enquanto o albergue de Pádron não abria, porque queríamos carimbar a credencial no albergue e tínhamos que descansar porque ainda faltavam 13 kms para o albergue de Teo.

Igreja de Pádron

Albergue de Pádron

Enquanto esperávamos que o albergue de Pádron abrisse o grupo de escuteiros e os 4 amigos portugueses que andavam muito com os escuteiros apareceram. Rimo-nos tanto com uma escuteira! A coisa só deixou de ter piada quando eles fizeram uma reunião e decidiram ir para Teo. Ora nós que também queríamos ir para Teo e depois da vez em Mós que íamos ficando sem camas porque eles ocuparam o albergue quase todo, tivemos que dar pernas ao caminho e fazer os 13kms até Teo como se não houvesse amanhã. Pelo meio ainda apanhamos chuva e eu que já não sabia da minha protecção para a mochila tive que embrulhar o saco-cama na toalha para que não se molha-se. É que chovia mesmo a pontes e ainda para mais enganamos-nos no caminho e andamos uns 500 metros até percebermos que tínhamos que voltar para trás. 

Albergue de Teo

Depois de 30kms e muita chuva lá chegamos ao albergue de Teo. Neste dia cheguei mesmo estafada! Porque fazer 30kms com uma mochila que pesa uns 3 ou 4 kilos, depois de se ter 110kms em cima não é coisa fácil não... Passadas umas duas horas aparecem-nos os nossos escuteiros, mas como seria de esperar porque Teo é o último albergue antes de Santiago, estava cheio e os escuteiros não tiveram lugar, mas não se preocupem porque arranjaram-lhes um pavilhão e puderam lá dormir. 
Este pessoal parece que não sabe que grupos grandes são aconselhados a não dormir nos albergues. Enfim.

Neste dia vimos pela primeira vez duas moças que chamamos carinhosamente de Francesas, embora não fossem, que espantem-se, levavam cremes e creminhos, acessórios e roupinhas nas mochilas. What? Eu levei o indispensável e ainda assim andava à rasca das costas! 

Pela primeira vez no caminho em Teo tive que tomar um Ben-u-ron para as dores. Estava de tal maneira que um senhor espanhol passou por mim e perguntou se estava tudo bem.

Janta: grão de bico com atum.
O segundo jantar saudável do Caminho.

Compramos também um chocolate que dividimos com um dos moços da Póvoa e pela primeira vez no Caminho escrevemos nos livros que normalmente se encontram em todos os albergues.

Bon Camiño

29 de agosto de 2012

Diário de uma peregrina #5

 Pontevedra - Caldas de Reis 

Acordamos às 5 da matina, pode parecer cedo, mas não fomos os únicos a acordar a essa hora e deixa o albergue às 6 da manhã. Ao princípio da nossa caminhada acompanhadas pelos dois rapazes da Póvoa de Varzim veio à baila os nossos paus da vassoura que usávamos para ajudar na caminhada, disse eu que esta vida de estudante é assim, há que poupar, um dos rapazes: andam no secundário?
Devemos ter mudado de cor! É verdade que nos acham sempre mais novas do que aquilo que somos, mas moços de 19 anos a achar que temos 17! Não meu caro, temos 23!
(já agora, o Alemão que eles conheceram no caminho acertou na nossa idade, afinal os Alemães é que sabem!)

Capela da Virgem Peregrina em Pontevedra às 6 da manhã.

Os nossos companheiros de viagem da Póvoa de Varzim. 

Ao longo do caminho, na parte espanhola avista-se muitos destes blocos de cimento onde a vieira indica a direcção e por baixo temos os kms que faltam para Santiago. Em alguns há pedras no topo, ainda não percebi qual é a razão para isso, mas de quando em vez também ponhamos uma pedra. Eu já dizia que quando faltassem 50kms dava um beijo na vieira, prometido é devido, e sim, eu beijei a vieira.
São estas coisas que por mais tolas que possam parecer, são depois recordadas. 
É pena que até alguns peregrinos não tenham boa educação e até aqui deitam lixo para o chão.

Pela estrada nacional são só 40kms

Para quem acorda às 5 da manhã, às 10 ou 11 da manhã parece uma boa hora para almoçar. Há quem não saía de casa porque diz que é caro viajar. Mas não é preciso ir almoçar em nenhum restaurante, comprar pães de leite, queijo e fiambre numa mercearia e ir comer para a paragem do autocarro, sabe bem, sabe muito bem!

Albergue de Briallos 

Chegamos ao albergue de Briallos que estava fechado , mas lá conseguimos "assaltar" o albergue e fomos à casa de banho. Entretanto enquanto estávamos a descansar cá fora, chegou a responsável pelo albergue e ainda conseguimos um carimbo do albergue.

Albergue de Caldas de Reis

Depois de 23kms, fomos as primeiras a chegar ao albergue de Caldas de Reis! (perdemos os rapazes a meio do caminho) Era uma da tarde e já estávamos à porta do albergue.
Senhor do albergue: São Espanholas?
Nós: Não, somos portuguesas.
Senhor do albergue: Ah então são quase espanholas.

Enquanto que os moços (os da Póvoa, o Alemão e mais um Austríaco que eles também conheceram no Caminho) foram a banhos, parece que Caldas de Reis é conhecida pelas suas termas, as meninas ficaram a descansar no albergue e eu acabei por dormir uma bela sesta que soube mesmo bem! Só depois é que fomos conhecer a cidade.





Nos meus tempos de teenager até tinha pensado em fazer um piercing na orelha. Mas nunca cheguei a fazê-lo e a ideia passou-me. Mas a minha companheira de viagem, tinha na altura dois furos em cada orelha e já andava há uns tempos a pensar fazer um terceiro furo na orelha direita. Enquanto estávamos sentadas à frente do albergue, reparamos que ao lado era uma loja de piercings e tatuagens.
Margarida: Se tu fizeres o terceiro furo, eu faço o segundo.

Não foi preciso dizer uma segunda vez e foi assim que voltei para casa com um segundo furo na orelha e salvo raras excepções, ainda continua cá o brinco.


Na loja Hobbit compramos ainda dois pins a dizer I ♥ Camino que enfeitaram as nossas mochilas.

A nossa janta: baguete de queijo fresco e Pepsi.
Foi por comer só disto que fiquei cheia de borbulhas a meio do Caminho.

Regresso às aulas

Percebes que as aulas estão a começar quando fazes a inscrição no novo ano. E eu que andava a dizer que me ia preparando para a tese deste ano e que ia vendo algumas teses... Até à data, como seria de supor, ainda não peguei em nada.

Ai Margarida, Margarida!

P.s. Tenho uma vontade enorme de voltar para Aveiro!

28 de agosto de 2012

Diário de uma peregrina #4

Mós - Pontevedra

Saímos do Albergue de Mós por volta das 7:30 da manhã, mais ao menos ao mesmo tempo que o grupo de escuteiros e o grupo dos 4 amigos português. Quando entramos no Monte Cornedo como era muito cedo ainda estava escuro, fomos para usar a nossa lanterna, mas tinha avariado, tivemos que ir de boleia atrás dos escuteiros para aproveitamos a luz da lanterna deles. Mas assim que pudemos demos pernas ao caminho e afastamos-nos (somos umas anti-socias), mas é que aquele grupo de escuteiros faziam tanto barulho! Não importa que seja 7 ou 8 da manhã e não importa que se esteja a passar numa povoação, eles cantavam com toda a força! 

Em Redondela com a Vieira

Caminho dos Peregrinos

No Alto da Lomba
Da próxima vez levamos uma vieira a mais para colocar aqui.

Ria de Vigo

Quando passamos por uma povoação, o caminho passava paralelo a uma grande avenida e nós que estávamos a precisar dum bolo, tentávamos encontrar uma passagem até à Avenida, até que fomos dar perto duma casa onde ao lado dava para passar para a Avenida, a Senhora ao ver-nos sair do Caminho chamou-nos para avisar que o caminho seguia para a esquerda e não para a direita. As pessoas são sempre tão prestáveis quando vêm um peregrino! 

O "almoço" às 10 ou 11 da manhã.
Soube tão bem! Estávamos mesmo a precisar de chocolate!

Momento do dia para lavar a roupa num ribeiro a meio do Caminho.

 E depois de 28km chegamos ao Albergue de Pontevedra.

Apesar de cansadas tivemos que dar uma volta por Pontevedra para comprar o jantar e aproveitar para ver alguma coisa da cidade. Descobrimos na manhã seguinte que escolhemos o lado pior da cidade para visitar, as Igrejas e as ruas características só as encontramos na manhã seguinte às 6 da manhã.

O nosso jantar: ramén com cogumelos.


Ó mãe! Eu dormi com 40 pessoas no mesmo quarto!
(as nossas camas são as duas de cima do lado direito)


No albergue de Pontevedra reencontramos os peregrinos que tínhamos encontrado no nosso primeiro albergue em Rubiães e entre eles estava o moço que me tinha mandado "calar". Desta vez ele também estava ao nosso lado nas camas, mas em baixo, acabamos por conversar e ele pediu desculpa pela maneira como tinha falado, mas quem tinha que pedir desculpas eramos nós e foi o que fizemos. Nessa noite acabei por lhe fazer uma massagem aos ombros e ele a mim e combinamos sair na manhã seguinte os 4 juntos, eu e a minha companheira de viagem, ele o amigo dele.
E é assim que se fazem amizades no Caminho...

O Mestre Zen

"Alguns aldeões pediram a um mestre Zen que os ajudasse a levar chuva aos seus campos áridos.
O mestre pediu apenas uma pequena casa com um jardim onde pudesse cultivar.
Dia após dia ele cultivava o pequeno jardim, sem praticar nenhuma magia. Passado algum tempo, a chuva começou a cair sobre a terra ressequida.
Ao perguntarem como obtivera tamanho milagre, ele respondeu humildemente: A cada dia, ao cultivar o meu jardim, voltava-me mais para dentro de mim mesmo. Quanto à chuva, não sei a razão, mas tenho a certeza que a terra do meu jardim já está preparada. E a vossa?"

27 de agosto de 2012

HIMYM #2

LOL!
É que esta música fica mesmo na cabeça xD


Diário de uma peregrina #3


Valença do Minho - Mós

Neste terceiro dia de caminho deixamos Portugal e passamos a percorrer o Caminho Português de Santiago na parte espanhola. Trocamos o "bom caminho" pelo "bon camiño".
Começamos logo de manhã a atravessar o Rio Minho e a entrar em Tui.

             Na ponte                          Rio Minho

Em Tui "só" faltam 114km para Santiago.
Bom Caminho!

Almoçamos nesse dia no cimo dum monte onde havia umas mesas de piquenique e aproveitamos para descansar e lavar alguma roupa e seca-la ao sol. Tivemos a companhia dum cão que andava meio perdido e ajudou-nos a comer a pizza que tínhamos feito no dia anterior em Valença. Depois desta parte do Caminho, chegamos a uma zona industrial que foi a pior parte do Caminho, durante quilómetros e quilómetros só víamos mais e mais alcatrão para percorrer. 

O local onde almoçamos.

O almoço muito saudável. 

A companhia canina. 

Depois da zona industrial chegamos a Porriño, uma cidade muito bonita e aproveitamos para carimbar a credencial no albergue de Porriño que era ao contrário do albergue em que ficamos nessa noite, novo e em muito bom estado.

Porriño

Albergue de Porriño


O Caminho a partir de Porriño custou-nos muito, as dores no ombro começaram a fazer-se sentir cada vez piores, o calor apertava e o facto de andarmos com 3 tomates na mão que compramos à saída de Porriño para o jantar também não ajudava.

Estávamos de tal maneira cansadas que já nem sequer falávamos uma com a outra, só queríamos chegar ao albergue e poder descansar.
Quando por fim chegamos ao albergue de Mós, íamos a subir as escadas e uma rapariga disse-nos...

Ela: Vão dormir aqui? É que só há duas camas livres e estão ali dois ciclistas e eu não sei se vão dormir aqui.
Nós ficamos em silêncio e a tentar raciocínio aquilo que tínhamos ouvido.
Ela como via que nunca mais respondíamos: Falam português? 

Ainda hoje me rio sozinha quando me lembro desta cena.
Deixamos as mochilas no albergue e fomos falar com os hospedeiros para ficarmos com as últimas camas livres, o senhor espanhol não era mesmo nada simpático e disse-nos que eram as últimas duas camas, os próximos tinha que ir para Redondela que é a 10km de distância. 

Na altura em que entramos no albergue para deixar as mochilas antes de irmos falar com os hospedeiros, reparei que o grupo que lá estava eram os escuteiros que tínhamos apanhado em Valença e que faziam algum barulho. A minha companheira de viagem que não é muito boa para decorar caras não se tinha apercebido que eram eles, mas a partir daí nunca mais se esqueceu deles, uma vez que os apanhamos sempre ao longo do Caminho.

Depois de nós ainda chegaram mais 5 pessoas e afinal também elas ficaram no albergue, uma vez que o albergue tinham uns colchões para por no chão, não percebo então porque foi aquela simpatia toda do Senhor do albergue.

O nosso jantar que foi dos mais saudáveis ao longo do Caminho.

26 de agosto de 2012

Diário de uma peregrina #2

Rubiães - Valença do Minho

Fomos as últimas a sair do albergue de Rubiães mas depressa aprendemos que às 9 da manhã não é hora para começar a caminhar se queremos andar pela fresca e ter lugar no albergue seguinte. Foi também a última vez que vimos os ciclistas que nos tinham pregado o susto no dia anterior.



O farnel que trouxemos de casa tinha dado para o dia anterior tanto ao almoço como ao jantar e ainda sobrou para o almoço deste dia. Quando decidimos almoçar saímos uns metros do caminho e fomos sentar numa fonte seca. Uma senhora que morava lá perto quando nos viu perguntou se queríamos água fresca, respondemos que sim, afinal de contas estávamos em Agosto era hora do almoço e o sol e o calor fazia-se sentir. Quando a Senhora entrou dentro de casa para ir buscar a água eu peguei no meu cantil e fui andando até à porta para receber a água. Mas ao contrário do que estávamos a pensar a Senhora deu-nos uma garrafa nova de água e fresca! E é tão fácil fazer um peregrino feliz! 


Na credencial do peregrino é obrigatório ter dois ou três carimbos por dia, no mínimo, mas nós fazíamos "colecção" de carimbos e sempre que víamos uma igreja, café ou albergue íamos em busca de mais um carimbo (quem não devia gostar da brincadeira eram as pessoas do café onde íamos só carimbar e não consumíamos nada). A Toca foi um dos cafés onde paramos também para carimbar, mas desta vez saímos de lá não só com um carimbo mas também com uma foto com um grupo de ciclistas do Porto que pediram primeiro para nos lhes tiramos uma foto e depois para tirarem connosco. E é assim, no caminho tira-se fotos, dá-se um sorriso e deseja-se bom caminho a pessoas que acabamos de conhecer. Se assim fosse sempre, não deixo de pensar que este mundo seria um lugar melhor.


Chegamos ao albergue de S. Teotónio em Valença do Minho por voltas das 16 horas. O resto dos peregrinos que tínhamos encontrado em Rubiães foram para Tui, como mais tarde ficamos a saber. Mas nós queríamos passar mais uma noite em Portugal e aproveitamos para visitar Valença do Minho.

Albergue de S. Teotónio em Valença do Minho

Fortaleza de Valença do Minho

Tui visto de Valença

O albergue de Valença ficou completamente cheio neste dia. Está divido em dois quartos, um para os homens e outro para as mulheres, mas como a lotação estava cheia alguns homens também vieram dormir para o quarto das mulheres e como descobrimos na manhã do outro dia, até nos sofás da sala dormiu lá pessoal.

Mas ninguém se queixa porque: o turista exige, o peregrino agradece!

Mapa do caminho Rubiães - Valença do Minho